De demitido a fundador de um império: A saída de Jeffrey Katzenberg da Disney e o nascimento da DreamWorks

Em 1994, Hollywood assistiu a um dos momentos mais impactantes dos bastidores da indústria do entretenimento: a saída conturbada de Jeffrey Katzenberg da Disney, após anos de sucesso à frente do estúdio. O que parecia ser uma queda dramática se transformou em uma impressionante volta por cima — com a fundação da DreamWorks SKG, ao lado de Steven Spielberg e David Geffen.

Por que Jeffrey Katzenberg saiu da Disney?

Jeffrey Katzenberg foi uma peça fundamental na renascença da Disney no final dos anos 1980 e início dos 90. Como chefe do estúdio, ele supervisionou sucessos como A Pequena Sereia, A Bela e a Fera, Aladdin e O Rei Leão. No entanto, após a morte do presidente da Disney, Frank Wells, Katzenberg esperava ser promovido ao cargo, o que não aconteceu.

Michael Eisner, então CEO da empresa, recusou-se a elevar Katzenberg, o que gerou uma crise interna. Em entrevistas posteriores, Katzenberg disse:

"Fui leal, trabalhei duro e entreguei resultados. Achei que o próximo passo fosse natural. Mas, quando ficou claro que isso não aconteceria, percebi que era hora de seguir em frente."
— *Jeffrey Katzenberg, em entrevista à The New York Times

A situação se agravou ao ponto de se tornar insustentável, e Katzenberg foi forçado a deixar a empresa. Ele mais tarde processaria a Disney e receberia cerca de US$ 250 milhões em um acordo judicial.

A volta por cima: o nascimento da DreamWorks

Em vez de se afastar da indústria, Katzenberg transformou a decepção em motivação. Ainda em 1994, ele se uniu a dois gigantes: Steven Spielberg, aclamado diretor de cinema, e David Geffen, magnata da música. Juntos, fundaram a DreamWorks SKG.

A ideia era criar um estúdio moderno, criativo e independente — algo inédito para a época. Sobre essa decisão, Katzenberg declarou:

"Nós não queríamos apenas fazer filmes. Queríamos construir uma cultura. Um lugar onde criadores fossem ouvidos e ideias pudessem florescer."

Em pouco tempo, a DreamWorks se consolidou. No cinema live-action, brilhou com O Resgate do Soldado Ryan e Beleza Americana. Mas foi na animação que Katzenberg deu sua assinatura definitiva: Shrek (2001) se tornou um fenômeno cultural e financeiro, ganhando o primeiro Oscar de Melhor Animação e lançando a DreamWorks Animation como uma potência rival da Pixar.

De excluído a pioneiro

A trajetória de Jeffrey Katzenberg é um exemplo clássico de resiliência e reinvenção. Ele saiu pela porta dos fundos da Disney, mas construiu um império do zero. Seu estilo exigente, sua visão empresarial e sua capacidade de se adaptar o tornaram uma das figuras mais influentes da indústria.

“Às vezes, a melhor coisa que pode acontecer é ser rejeitado. Isso me deu liberdade. E com liberdade, você pode criar coisas extraordinárias.”
— Jeffrey Katzenberg, em discurso no Festival de Cannes